Em operações de grande porte a avaliação dos riscos deve ser realizada desde a fase de pré-viabilidade até seu encerramento. No âmbito da mineração e disposição de rejeitos essa necessidade se torna mais premente, visto o grande impacto ambiental e social que tais práticas podem gerar. No case em tela a ADDA foi demandada por uma das maiores mineradoras do Brasil para elaborar um modelo conceitual hidrogeoquímico para seu projeto de disposição de rejeito in pit, de forma a identificar os potenciais impactos à qualidade da água subterrânea e superficial dentro e no entorno do empreendimento.
O estudo, considerando se tratar de um projeto de pré-viabilidade, foi estruturado de forma a ofertar conclusões e recomendações compatíveis com o nível de detalhe e maturidade do projeto, permitindo que: (i) fossem avaliadas as condições do projeto em nível conceitual, (ii) fossem traçados cenários possíveis acerca da ocorrência dos fenômenos hidrogeoquímicos mais prováveis na área do projeto, (iii) fossem indicados os potenciais riscos à implementação do empreendimento e (iv) fossem apontadas as recomendações necessárias, principalmente no que tange à realização de estudos e análises adicionais, para compreensão detalhada e endereçamento de tais riscos.
Como fio condutor das análises hidrogeoquímicas definiu-se que as principais interações de interesse para o estudo seriam aquelas passíveis de ocorrerem entre água da chuva, água subterrânea (aquifero) e a lama a ser disposta in pit e a rocha encaixante, com ênfase para a primeira. A partir dessa premissa foram derivadas análises e avaliações que pudessem indicar potenciais riscos à qualidade da água superficial e subterrânea na área do futuro empreendimento.
Os trabalhos incluíram avaliações de detalhe sobre os fenômenos de oxidação de sulfetos e acidificação das águas, solubilização de óxidos de alumínio, ferro e manganês, mobilização de metais pesados, hidroquímica das águas subterrâneas, modelagem de cenários hidrogeoquímicos diversos a partir do uso do software PHREEQC e análise da diferença entre as condições hidrogeoquímicas com fluxo saturado e não saturado.
Ao final a equipe da ADDA apresentou um modelo hidrogeoquímico conceitual que apresentasse potenciais interações entre o material a ser disposto in pit e o aquífero e água da chuva, já levando em conta a ocorrência de fluxos rasos (majoritariamente não saturados) e profundos (saturados) no contexto da cava. Isso permitiu que fossem apontados os riscos de impacto da água subterrânea e superficial associados ao projeto, levando mais assertividade e previsibilidade à tomada de decisão do cliente com relação ao avanço ou não de seu plano operacional para disposição de rejeitos in pit. Adicionalmente a ADDA apontou os estudos adicionais necessários para que mais dados e informações fossem geradas de forma a diminuir as incertezas e amplificar a segurança ambiental e social da futura operação.